terça-feira, 26 de novembro de 2013

EJA: Nunca é tarde para aprender

Muitas são as pessoas que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos, seja por falta de motivação ou mesmo falta de tempo. As obrigações com trabalho e sustento da família impedem a dedicação na escola. Para ajudar a solucionar esse problema existe a EJA (Educação de Jovens e Adultos), que foi regulamentada em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

A Escola Municipal Conceição Aparecida Rosso trabalha com o EJA
Aprender a ler e escrever é um sonho para alguns e um processo muito importante, que pode mudar a realidade de muitas pessoas. A dona de casa Maria Lúcia Pollito, 55 anos, não teve a oportunidade de concluir seus estudos na idade apropriada, mas vê na EJA essa chance. Ela participa do módulo na Escola Municipal Conceição Aparecida Rosso (EMCAR) em Simão Pereira, município vizinho de Juiz de Fora.  A dona de casa conseguiu concluir o Ensino Fundamental e pensa em terminar o Ensino Médio em um futuro próximo. "Agora precisei dar uma pausa nos estudos, mas pretendo voltar em breve".

O aposentado Valério Soares, 68 anos, não teve a oportunidade de estudar por causa do pai. Eram doze irmãos e iam para escola por etapas, o pai matriculava três por ano. Valério conta que um dos irmãos foi suspenso e o pai, com o pensamento de quem morava na zona rural da época, decidiu não colocar mais os filhos na escola. Ele diz não ter vergonha de voltar a estudar agora e vê na EJA a oportunidade que não teve na infância. "Tem muita gente que tem vergonha, mas eu não. Não estou roubando, não estou matando, é apenas a obrigação que temos que fazer. Então acho que não precisa ter vergonha".

Os desafios da EJA

A professora Mara Silva trabalhou vinte e cinco anos na área da educação. Ela começou sua carreira lidando com pessoas que não tiveram chance de concluir os estudos quando eram jovens. Mara conta que os conteúdos abordados eram aqueles que eles convivem no dia a dia, mas de uma forma mais elaborada. Ela entende que a maior parte passou por dificuldades na infância, tendo que trabalhar desde muito jovens e a partir do momento em que têm filhos casados e netos crescidos, resolvem voltar a estudar e retomar o tempo perdido.



Como funciona?

Na EMCAR, a EJA funciona em módulos de seis em seis meses e cada um desses semestres equivalem a um ano letivo. Cada bimestre é composto por vinte e cinco dias. A Coordenadora da Educação de Jovens e Adultos, Rosane Magaldi, conta que no momento funciona apenas o Ensino Fundamental na modalidade. As aulas são à noite.
Rosane Magaldi, coordenadora da EJA
As turmas funcionam juntas na mesma sala e abrangem, atualmente, quize alunos entre primeiro e quinto ano.
A professora Regina Lúcia Faria de Araújo, que trabalhou com a EJA na escola, conta que avaliava o desenvolvimento dos alunos diariamente e não apenas com avaliações no fim de cada bimestre. Ela acha útil e uma oportunidade para aqueles que desejam concluir os estudos.


A nova organização dos cursos presenciais de EJA está sendo  implantada aos poucos, durante esse ano. A idade mínima para matrícula em cursos de Ensino Fundamental é de 15 e de 18 para Ensino Médio. Os jovens e adultos que desejam retomar os estudos devem entrar em contato com as escolas autorizadas que oferecem o curso presencial, levando o histórico escolar e documentos.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Vida de Estudante: Rotinas e adaptações

Após meses de estudo, cursinho, cansativos dias de vestibular e semanas de ansiedade pelo resultados eis que chega o dia da aprovação. Enquanto para aqueles que residem próximo das universidades basta apenas aguardar o início das aulas, para quem prestou vestibular para uma instituição distante da terra natal começa mais uma batalha: construir uma estrutura que permita assumir a vaga na instituição de ensino escolhida. São as dificuldade do dia a dia para quem tem o objetivo de conquistar um futuro melhor. 
Marília é aluna do 6º período de Artes da UFJF
Para quem vive próximo de uma cidade universitária, uma das opções encontradas é a migração pendular (caso em que geralmente a pessoa sai de casa pela manhã e segue para cidades vizinhas para estudar e trabalhar, só retornando à noite). É uma rotina cansativa, mas o estudante pode continuar residindo em sua cidade e manter seu ambiente familiar.
Humberto César de Paula, 28 anos, está no 7º período de Direito da UFJF e trabalha como escrevente no Fórum de Justiça de Lima Duarte, alternando entre os turnos da manhã e tarde. Quando é escalado para o turno vespertino, Humberto sai do trabalho às 17h e e já embarca para Juiz de Fora. Após a faculdade retorna para Lima Duarte na van que transporta os alunos e chega em casa por volta de meia-noite. Ele não quis se mudar para Juiz de Fora e deixar a comodidade do emprego no fórum. "Tenho um emprego estável, ligado a área em que estudo. Saio de Lima Duarte quando conseguir um emprego melhor ligado ao Direito".

O estudante de Geografia, Leonardo Alves, 23 anos, mora em Matias Barbosa, cidade vizinha de Juiz de Fora. Ele acredita que apesar de cansativa, as idas e vindas de uma cidade para outra valerão a pena no final. Confira o depoimento do estudante aqui.

A estudante de Artes da UFJF Marília Gerônimo optou por morar em república logo que soube da aprovação. Os cursos integrais exigem do aluno uma disponibilidade de tempo maior e, nesse caso, a opção pode ser escolher uma república.  Ela morava em Belmiro Braga e o trajeto não é de fácil acesso. Marília está cadastrada no Apoio Estudantil da UFJF na modalidade moradia - recebe uma bolsa de R$310,00, que paga parte do aluguel de R$350,00. Hoje ela diz que já se adaptou com a nova rotina e conta um pouco de sua experiência na república onde vive desde 2010.

O estudante de Arquitetura da UFJF, Willian Matos, encontrou na mudança de cidade a solução. Ele vivia em Lima Duarte e fazia parte do grupo de migração pendular, mas quando foi aprovado no vestibular, mudou de vez para Juiz de Fora. Arquitetura é um curso integral com aulas no período da tarde e da manhã. O estudante demorou a se acostumar com o ambiente da república. Sua primeira moradia foi no bairro Cascatinha, da qual saiu depois de um mês por diversos problemas de convivência. "Depois consegui uma república decente para morar. Moro agora em São Mateus com mais dois estudantes da Federal. Cada um tem seu quarto e as tarefas são divididas por semana." O estudante afirma ainda que a rotina daqueles que se mudam  para a cidade por causa da faculdade não é menos sofrida que a de quem pega a estrada todos os dias. Willian mora perto da Maternidade Terezinha de Jesus e depende do transporte público para chegar a universidade. Em alguns dias  só consegue embarcar no sétimo ou oitavo ônibus, porque é um dos últimos pontos e os coletivos passam lotados
E quando o assunto é alimentação, o estudante acabou optando pelo restaurante universitário (RU), segundo ele, a opção mais econômica.. "O RU é a nossa salvação, apesar de muitos reclamarem, eu particularmente adoro. Tem dia que a comida realmente não está boa, mas isso é irrelevante". Apesar de ficar longe da família e dos amigos, WILLIAM adotou a cidade e só voltam para visitar os parentes nos finais de semana.

Dados que foram divulgados recentemente pelo MEC mostram que em 2013, 13% dos estudantes aprovados pelo Sisu – cerca de 15 mil – se matricularam fora do seu estado de origem. Em Medicina, a mobilidade é maior: 47% mudam para outro estado para estudar. 

Mobilidade no Sisu 2013

Ouro Preto: A tradição das repúblicas

Os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) são principalmente do interior de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Goiás. Morar em repúblicas é praticamente uma marca para eles e, muitas vezes, uma necessidade. As repúblicas fazem parte da tradição da cidade. Muitas instaladas em prédios pertencentes à UFOP, absorvem parcela significativa dos estudantes em Ouro Preto e Mariana. São administradas pelos próprios estudantes que definem as regras de admissão nelas.
Mateus Cantele, estudante de Farmácia, mora na república Tabor desde o terceiro período do curso. Ele encontrou algumas dificuldades de adaptação, mas nada muito relevante. "Tive que me acostumar com uma questão que é tradicional aqui nas repúblicas: Hierarquia". Essa é uma tradição nas repúblicas de Ouro Preto, onde os moradores mais antigos possuem "poderes" sobre os mais novos, apelidados de "bixos". Mateus não teve uma adaptação conturbada e disse que teve sorte por entrar em uma república mais tranquila com relação a toda essa hierarquia.
Mateus estuda na UFOP e se adaptou rápido na república.
 Uma diferença das repúblicas da cidade com relação as de Juiz de Fora é que em Ouro Preto o estudante passa por um período "probatório" na república, chamado de batalha. É um período para ele descobrir se é ali que ele realmente quer morar, ou se os moradores também se acostumam com ele. No caso de Mateus não foi tão assustador como o nome aparentava. "O que eu fiz foi viver junto com eles e em três meses já havia sido escolhido como morador". O estudante antes de morar em república teve a experiência de morar sozinho, mas não gostou porque sentia a casa triste e silenciosa. "É na república que você consegue amigos para a vida toda, então, para mim, apesar dos pesares, valeu muito a pena ter mudado".


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O que esperar dos cursos técnicos? Estudantes buscam qualificação e preparo para a graduação



Uma opção de curso que está ganhando espaço entre os estudantes é o curso técnico. Muitas empresas valorizam o candidato que tem esse tipo de curso no currículo, e assim, a opção vem se destacando em todo o país. Muitas são as razões que levam as pessoas a se matricularem em um curso técnico. Entre elas está a curta duração, já que normalmente esses cursos terminam em torno de 1 ou 2 anos. O baixo custo também é  um dos motivos que levam a essa escolha. Os salários, na maioria dos cursos, são satisfatórios. Claro que esse valor depende do curso escolhido, se estiver em falta no mercado, o profissional ganhará mais pelo seu serviço.

Carlos da Cruz cursou Mecânica Industrial no Senai e hoje trabalha na área. Foto: Cristina Cestaro

Um razão bastante frequente nos estudantes que optam pelo curso técnico integrado ao ensino médio é a facilidade no planejamento da graduação. O estudante Glauber Daniel está no segundo ano do ensino médio, ele faz o curso de eletromecânica no Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (antigo CTU). Para ele, o curso ajuda a obter experiência para o mercado de trabalho e facilita a escolha da área do curso de graduação. “Ao me especializar no ensino técnico, passei a ter mais uma noção da área de exatas que escolhi. Pretendo futuramente fazer faculdade de Engenharia.”
O diferencial dos cursos técnicos é o maior cuidado em preparar o aluno para a prática, mas sem deixar de lado a teoria. É justamente esse equilíbrio entre prática e teoria que permite que o aluno compreenda na totalidade o serviço prático e a matéria lecionada. Embora seja bastante procurado, os cursos técnicos ainda ocupam uma posição complementar no ensino. Para Glauber a profissão escolhida não vai se basear apenas na formação técnica. “Eu acredito que é a primeira escolha de muitas pessoas, principalmente, pelas condições de entrada em uma faculdade, motivação, capacidade de elaboração de horários e compromissos; além das exigências que o técnico tem... Isso impede que muitos ingressem na graduação”, completa o estudante.

Há quem faça o ensino médio em uma escola e o técnico em outro lugar. Essa é opção da estudante Milena Lopes. Ela concilia as manhãs de ensino médio e as noites no curso técnico. Estudante do terceiro módulo de Eletrônica no IFET, Milena conta que as aulas são diversificadas.


A experiência do curso técnico é de grande utilidade no mercado de trabalho. A convivência com o ambiente e a rotina que a função exige faz com que o aluno tenha um desempenho melhor no dia a dia da profissão. O técnico em mecânica industrial Carlos da Cruz  cursou 2 anos de Mecânica no SENAI. “Meu principal objetivo ao cursar o técnico foi o acesso à indústria, me capacitando para a área. O suporte que o curso oferece é o de permitir ingressar no ramo sem experiência, em muitos  dos casos, mas com conhecimento, podendo assim adquiri-la”.  
Carlos conseguiu estágio enquanto cursava o segundo semestre do curso e foi desenvolvendo suas práticas. Atualmente é formado e trabalha como técnico em manutenção em uma indústria farmacêutica. Ele vê o curso técnico como uma das etapas para a qualificação profissional e pretende continuar os estudos cursando Engenharia. “Com o técnico no currículo, você adquire experiência e em uma futura graduação se torna apto para melhor se qualificar e obter maior reconhecimento do mercado”. 

Cada vez mais as empresas estão buscando profissionais qualificados para os cargos. Por isso a procura por cursos técnicos está em alta. Todas as idades podem se qualificar, a variação de idade é grande. O Mapa do Trabalho Industrial 2012, realizado pelo SENAI, mostra que a Indústria é uma das áreas mais favoráveis para técnicos nos próximos anos.
Da mesma forma que as vagas oferecidas para os técnicos são favoráveis, a remuneração segue a mesma previsão. Os salários estão aumentando em algumas áreas e, algumas vezes, se igualam aos de nível superior.
Se você ainda não se decidiu em qual área atuar ou ficou em dúvida se cursa ou não um técnico, pode ler mais sobre o assunto e descobrir as vantagens da opção.