Muitas são as pessoas que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos, seja por falta de motivação ou mesmo falta de tempo. As obrigações com trabalho e sustento da família impedem a dedicação na escola. Para ajudar a solucionar esse problema existe a EJA (Educação de Jovens e Adultos), que foi regulamentada em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
A Escola Municipal Conceição Aparecida Rosso trabalha com o EJA |
Aprender a ler e escrever é um sonho para alguns e um processo muito importante, que pode mudar a realidade de muitas pessoas. A dona de casa Maria Lúcia Pollito, 55 anos, não teve a oportunidade de concluir seus estudos na idade apropriada, mas vê na EJA essa chance. Ela participa do módulo na Escola Municipal Conceição Aparecida Rosso (EMCAR) em Simão Pereira, município vizinho de Juiz de Fora. A dona de casa conseguiu concluir o Ensino Fundamental e pensa em terminar o Ensino Médio em um futuro próximo. "Agora precisei dar uma pausa nos estudos, mas pretendo voltar em breve".
O aposentado Valério Soares, 68 anos, não teve a oportunidade de estudar por causa do pai. Eram doze irmãos e iam para escola por etapas, o pai matriculava três por ano. Valério conta que um dos irmãos foi suspenso e o pai, com o pensamento de quem morava na zona rural da época, decidiu não colocar mais os filhos na escola. Ele diz não ter vergonha de voltar a estudar agora e vê na EJA a oportunidade que não teve na infância. "Tem muita gente que tem vergonha, mas eu não. Não estou roubando, não estou matando, é apenas a obrigação que temos que fazer. Então acho que não precisa ter vergonha".
Os desafios da EJA
A professora Mara Silva trabalhou vinte e cinco anos na área da educação. Ela começou sua carreira lidando com pessoas que não tiveram chance de concluir os estudos quando eram jovens. Mara conta que os conteúdos abordados eram aqueles que eles convivem no dia a dia, mas de uma forma mais elaborada. Ela entende que a maior parte passou por dificuldades na infância, tendo que trabalhar desde muito jovens e a partir do momento em que têm filhos casados e netos crescidos, resolvem voltar a estudar e retomar o tempo perdido.
Como funciona?
Na EMCAR, a EJA funciona em módulos de seis em seis meses e cada um desses semestres equivalem a um ano letivo. Cada bimestre é composto por vinte e cinco dias. A Coordenadora da Educação de Jovens e Adultos, Rosane Magaldi, conta que no momento funciona apenas o Ensino Fundamental na modalidade. As aulas são à noite.
Rosane Magaldi, coordenadora da EJA |
As turmas funcionam juntas na mesma sala e abrangem, atualmente, quize alunos entre primeiro e quinto ano.
A professora Regina Lúcia Faria de Araújo, que trabalhou com a EJA na escola, conta que avaliava o desenvolvimento dos alunos diariamente e não apenas com avaliações no fim de cada bimestre. Ela acha útil e uma oportunidade para aqueles que desejam concluir os estudos.
A professora Regina Lúcia Faria de Araújo, que trabalhou com a EJA na escola, conta que avaliava o desenvolvimento dos alunos diariamente e não apenas com avaliações no fim de cada bimestre. Ela acha útil e uma oportunidade para aqueles que desejam concluir os estudos.
A nova organização dos cursos presenciais de EJA está sendo implantada aos poucos, durante esse ano. A idade mínima para matrícula em cursos de Ensino Fundamental é de 15 e de 18 para Ensino Médio. Os jovens e adultos que desejam retomar os estudos devem entrar em contato com as escolas autorizadas que oferecem o curso presencial, levando o histórico escolar e documentos.